A filósofa Silvia Federici propõe uma releitura da história das mulheres, a partir de uma crítica à dinâmica do capitalismo desde a sua gênese. O livro Calibã e a Bruxa aborda uma série de questões históricas e metodológicas, que estão no cerne dos debates sobre a história das mulheres e a teoria feminista. A partir de uma leitura marxiana da acumulação primitiva, mas também de críticas à Marx e Foucault, no que diz respeito à questão das mulheres, a autora escreve uma obra filosófica e historiográfica para pensar
como o corpo se tornou elemento central e esfera de atividade para a constituição da feminilidade. Isto é, para ela, o corpo se torna o principal terreno de exploração das mulheres por parte do Estado e dos homens; o corpo das mulheres é forçado a operar como máquina de reprodução e acumulação de trabalho (não remunerado), embora esse mesmo corpo seja também terreno de resistência. A partir disso, a autora explica como o
corpo pode ser para as mulheres tanto uma fonte de identidade, como uma prisão. Para a filósofa, a perseguição às bruxas, tanto na Europa quanto no Novo Mundo, foi tão importante para o desenvolvimento do capitalismo quanto a colonização e a expropriação dos camponeses de suas terras. Atualmente, podemos ver os frutos e a continuidade dessa política de extermínio em prol de um suposto desenvolvimento econômico, bruxas, povos indígenas, negros, loucos, entre outros. Desse modo, o presente curso pretende apresentar uma releitura da história das mulheres e os modos e
expressões da resistência das mulheres no Brasil e em outros lugares do mundo.